Os saques do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) estão prestes a iniciar em setembro, conforme anunciado pelo governo recentemente. Com a proximidade da data, muitas pessoas se questionam sobre a viabilidade de realizar o saque do FGTS, já que essa decisão é facultativa e não obrigatória. A resposta, no entanto, varia de acordo com a situação individual de cada indivíduo.
Decisão de Sacar o FGTS
Para determinar se é aconselhável sacar o FGTS, é essencial compreender que existem duas modalidades distintas de liberação. Estas opções são independentes entre si, possibilitando que o beneficiário opte por sacar apenas uma delas, ambas ou decidir por não sacar em nenhuma delas.
Modalidades Disponíveis para Saque do FGTS
Os saques do FGTS permitem agora retirar até R$ 500 de cada conta vinculada. Por exemplo, caso uma pessoa possua três contas com saldo mínimo de R$ 500 em cada uma, poderá sacar até R$ 1.500, porém somente uma vez. A autorização para o saque está condicionada à data de nascimento e não interfere no direito ao saque-rescisão em casos de demissão.
Para contas com saldo de até um salário mínimo, o governo autorizou o saque integral, ou seja, até R$ 998 por conta, seja ativa ou inativa. Assim, um trabalhador com R$ 998 em uma conta e R$ 3.000 em outra poderia sacar todo o saldo da primeira e até R$ 500 da segunda.
Outra alternativa é o saque-aniversário, que possibilita retirar parte do saldo da conta do FGTS anualmente no mês do aniversário. O montante disponível varia conforme o saldo total da conta, porém é importante notar que optar por essa modalidade implica na perda do direito ao saque total em casos de demissão, mantendo apenas a multa de 40% em situações de demissão sem justa causa.
É viável realizar a troca para o saque-rescisão, que garante o saque total em casos de demissão, porém essa mudança somente pode ser efetuada após dois anos de adesão ao saque-aniversário. Ao considerar o saque do FGTS, é crucial estar atento à recente alteração na distribuição dos lucros do fundo.
O governo decidiu aumentar a parcela dos lucros destinada aos trabalhadores, tornando o rendimento do FGTS mais atrativo e alinhado à rentabilidade de investimentos conservadores, como a poupança. Com essa modificação, o FGTS passa a oferecer um retorno financeiro mais competitivo, o que pode influenciar a escolha de sacar o dinheiro. A adaptação promete transformar o fundo em uma opção mais vantajosa para aqueles que buscam segurança e rentabilidade similar à de investimentos tradicionais.
Recomendações para o Saque do FGTS
Para quem não possui uma reserva financeira:
Ao considerar o saque do FGTS, é apropriado ponderar antes de decidir sobre qualquer modalidade de saque, seja o limite de R$ 500 ou o saque anual. O FGTS já atua como uma reserva financeira com rendimentos significativos. Em vez de retirar esse montante para despesas não essenciais ou para investimentos no Tesouro Direto, que apresenta um retorno similar, pode ser mais vantajoso manter o saldo no FGTS e aproveitar os rendimentos acumulados. Avalie se preservar essa reserva pode ser mais benéfico em comparação a retirá-la.
Para quem possui uma reserva financeira:
Para quem já dispõe de uma reserva financeira ou é um investidor, pode ser mais vantajoso evitar sacar o FGTS e aguardar por futuras oportunidades. A recente alteração na remuneração do fundo, que agora distribui 100% dos lucros, pode resultar em rendimentos de até 6% ou mais, similar à Taxa Selic. Manter o dinheiro no FGTS pode acarretar em ganhos atrativos, equiparáveis aos melhores investimentos disponíveis no mercado. Analise se o potencial de retorno do FGTS justifica a decisão de não sacar o valor no momento.
Para quem possui dívidas:
Caso esteja pensando em sacar o FGTS para quitar uma dívida e o valor disponível seja suficiente para quitá-la integralmente, é aconselhável realizar o saque e resolver a pendência imediatamente. Isso pode auxiliar na redução de juros elevados, especialmente em dívidas como cheque especial e cartões de crédito. Entretanto, se o valor do saque não for o bastante para liquidar a dívida por completo, é mais sensato manter o saldo do FGTS e buscar negociar a dívida em condições mais favoráveis posteriormente. O FGTS deve ser utilizado com diligência e não como um adiantamento para dívidas controladas dentro do orçamento.
Para quem não possui dívidas:
Para indivíduos financeiramente estáveis, sem dívidas e capazes de gerenciar efetivamente seu orçamento mensal, a recomendação é sacar o FGTS somente os R$ 500 disponíveis na conta ativa ou mais, caso haja contas inativas. Aproveite esse montante para investir no futuro, como uma preparação para a aposentadoria. Por outro lado, o saque-aniversário pode não ser a melhor opção, uma vez que não oferece benefícios adicionais. Com a nova política de distribuição integral dos lucros, o rendimento do FGTS já se torna mais atrativo, tornando o saque-aniversário desnecessário.
Para quem está inseguro no emprego:
Se está considerando sacar o FGTS, considere manter os R$ 500 disponíveis, especialmente com a nova política que distribui 100% dos lucros, podendo gerar rendimentos superiores à poupança, alcançando até 6%, similar à Taxa Selic. Além disso, evite optar pelo saque-aniversário, pois essa escolha pode afetar sua capacidade de receber a remuneração total em casos de demissão. Manter o saldo no FGTS pode ser mais benéfico a longo prazo.
Para quem está desempregado:
Se está pensando em sacar o FGTS, a decisão pode variar dependendo da situação. Se estiver desempregado há três anos, é possível sacar 100% do saldo conforme as regras antigas, que permanecem inalteradas. Se acabou de sair de um emprego e possui saldo em contas inativas, o saque pode ser relevante, dependendo da destinação do dinheiro. Caso necessite de uma renda anual e não possua outras reservas, o saque-aniversário pode ser uma opção válida. Contudo, se estiver próximo de completar três anos de desemprego, é mais prudente evitar o saque-aniversário. Outro aspecto crucial é que, com a nova política de distribuição integral dos lucros, o FGTS agora oferece rendimentos comparáveis aos da poupança ou da Taxa Selic, sem sofrer com tributos, penhoras ou bloqueios. Portanto, manter o dinheiro no FGTS pode ser mais vantajoso, funcionando como uma reserva para complementar sua aposentadoria.
Para quem possui financiamento da casa própria em andamento:
Se possui um financiamento imobiliário, é aconselhável evitar sacar o FGTS, seja através dos R$ 500 ou do saque-aniversário. Utilizar o FGTS para amortizar a dívida da casa própria, seja para entrada ou prestações, permanece uma opção viável e que não deve ser comprometida. Manter o saldo no FGTS pode ser benéfico para quem já possui um financiamento, assegurando a possibilidade de utilizar o fundo para reduzir o valor da dívida imobiliária ou facilitar o pagamento das parcelas.

Jornalista formada pela UNIP (2009) e formada em Rádio e TV pelo Centro Universitário Monte Serrat – UNIMONTE (2007)